quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Gato por lebre

Por Vinícius Perazzini

Como mostra do difícil momento em que se encontra o Jornal dos Sports, a capa da edição impressa do dia 26 de novembro de 2009 denuncia a falta de conhecimento e atenção dos profissionais responsáveis pela veiculação do jornal.

Além do pouco cuidado com a diagramação na utilização de legendas curtas abaixo de grandes ilustrações e o erro na grafia do nome America com acento agudo, quando na verdade não possui, a apresentação da matéria principal, que se refere ao título da Segunda Divisão do Campeonato Carioca conquistado pelo America apresenta um grave erro.

Com o título "Mecão Campeão!" acompanhado de "O América venceu o Artsul, em Edson Passos..." e uma foto em destaque com o placar do jogo, a manchete naturalmente induz o leitor a pensar que aquela figura se refere ao jogo citado anteriormente, quando na verdade a imagem é do jogo realizado em 21 de novembro de 2009, sábado, no qual o America garantiu matematicamente o acesso à Primeira Divisão do futebol do Rio de Janeiro, com uma vitória sobre o Nova Iguaçu por 1 a 0, no Estádio Jânio Moraes, em Nova Iguaçu.

* Comemoração após êxito contra Nova Iguaçu. Partida com Artsul terminou depois de 22 h, sem a luz do Sol

Sem legenda plausível, com omissão de localidade e data, a perceptível falha afeta ainda mais a já abalada credibilidade do Jornal dos Sports. Como pode um jornal voltado somente para a área esportiva desconsiderar o conhecimento específico de seu público alvo?

FutRio, site especializado em futebol carioca, utiliza grafia correta para America como clube

* Foto de Wilson Cruz / divulgação do America

O bom humor de Nelson Rodrigues

Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques


"Por onde vai, o Rubro-Negro arrasta multidões fanatizadas. Há quem morra com o seu nome gravado no coração, a ponta de canivete. O Flamengo tornou-se uma força da natureza e, repito, o Flamengo venta, chove, troveja, relampeja."


"Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia."

"A Grande Guerra seria apenas a paisagem, apenas o fundo das nossas botinadas. Enquanto morria um mundo e começava outro, eu só via o Fluminense".

"Pode-se identificar um Tricolor entre milhares, entre milhões. Ele se destingue dos demais por uma irradiação específica e deslumbradora."

"Botafogo é o clube mais passional, mais siciliano, mais calabrês do futebol brasileiro."

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Conheça a verdadeira história da cor do Jornal dos Sports por Haroldo Habib

por Thaís Nascimento

Thaís Nascimento
Haroldo Habib aos 11 anos conheceu um amigo da família, que era jornalista e se apaixonou pela profissão. Fez faculdade de Direito na Cândido Mendes. Em 1980 concluiu a faculdade. Já estava casado. Surge a oportunidade para trabalhar em um jornal.

Depois, trabalhou como Assessor de Imprensa do INSS do Estado e trabalhou até o ano de 1979. Trabalhou por três meses no Fluminense e depois foi para o jornal O Globo, cobriu férias de um repórter. Em 1980, O Dia fez uma proposta para ganhar duas vezes o salário anterior.

Quando trabalhou no jornal Última Hora em 1986 trabalhava como estagiário e conseguiu um registro profissional na área de Jornalismo. Ele aprendeu a ser jornalista no dia a dia, pois não fez faculdade de Jornalismo. Em 1987, O Globo também ofereceu duas vezes o salário. Em 1998, O Dia chamou novamente e 1999 saiu e foi trabalhar no Lance!

Em 2001, o Jornal dos Sports ofereceu o seu primeiro grande cargo como Diretor de Redação e depois tornou-se Editor Executivo. Foi Editor Executivo no Jornal dos Sports no período de junho de 2001 até agosto de 2005. Nesse período em que trabalhou lá conseguiu reformular o jornal.

Entretanto, o jornal entrou em crise e mandou muitos funcionários embora. Ele estava nessa lista da empresa, por ter um grande cargo e salário. Porém, não foi pago corretamente e entrou com uma ação de direitos trabalhistas contra o jornal. Com este processo a indenização cresceu seis vezes. O Juiz já determinou ganho de causa a Haroldo Habib.

Já teve o primeiro leilão, mas não teve comprador para o jornal. Ele é a primeira pessoa que penhora uma marca de jornal. Atualmente, trabalha no jornal Lance!. Como Editor de Criação. Criou o primeiro manual do jornal em tempo recorde: dois meses.

No meio da entrevista, surge um grande furo sobre o Jornal dos Sports. Por que a cor do Jornal é rosa? Em 1931, o jornal tinha data para sair. Os editores foram buscar as bobinas e as colocaram nas máquinas. Entretanto as bobinas eram cor de rosa. Quiseram mudar a data de lançamento do jornal, porém mantiveram a data e a cor rosa do jornal. Essa é a verdadeira história contada por um ex-funcionário.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Do auge à decadência!

Por Janaína Pimentel, Karlla Gelabert, Natasha Costa e Rafaela Alves

Janaína Pimentel
Um jornal fundado na década de 30, marcado por inúmeras matérias que deixaram o Jornal dos Sports como símbolo de uma era e referência para todos os outros meios de comunicação. Assim é a associação feita às lembranças do JS. Contudo, o que se tem hoje são apenas vestígios do que um dia foi um dos melhores jornais esportivos do país.

Após 78 anos de existência, o Jornal dos Sports se encontra em um momento difícil. Poucos funcionários e uma pequena redação que funciona no terceiro andar de um prédio no centro do Rio de Janeiro, traz à tona a verdadeira história do que é o JS hoje.

Atualmente divide espaço com o restaurante Mr. Ôpi, e a boate Nuth. No terceiro andar do prédio localizado na rua da Quitanda, o jornal funciona com alguns poucos estagiários e colunistas que, segundo o editor geral do Jornal, Marco Larosa, não interfere no desenvolvimento do grupo. "Não precisamos de muito espaço para fazer uma matéria, poucos são os meios de comunicação que se preocupam com o tamanho de sua redação. Hoje, tudo é relacionado à Internet, onde temos os jornalistas que estão sempre atualizando o site, a cada momento. Até porque, o fim do impresso é algo totalmente previsível e próximo.", relatou Larosa.

Contudo, além da decadência, atualmente o JS também enfrenta uma grande disputa . O Lance! e, também, o Campeão, além de tantos outros, dividem os consumidores e pioram a situação de um jornal que, um dia, já foi mais vendido. Entretanto, ao conversarmos com Marco, ele explica o por quê dessas grandes empresas interferirem no melhor desenvolvimento do JS e também fala um pouco sobre a história do jornal e tantos outros assuntos que interferem no cotidiano jornalístico.

Janaína Pimentel
Larosa enumera as vantagens dos jornais on-line




Grupo FACHA: Quando foi o auge do Jornal dos Sports no mercado impresso? E por quê?

Marco Larosa: O auge do Jornal dos Sports foi na década de 60/70. Isso remete ao fato de que o JS era o único jornal no seguimento dos esportes naquela época. Não havia muitas opções de escolha com relação ao esporte, e quanto a internet, as pessoas, mesmo as mais ricas, não tinham facilidade de acesso.
Então, o que resta são os jornais das bancas, e como o JS tinha uma das mais altas tiragens do mercado acabava ganhando mais atenção dos leitores.



GF: Quais são as causas para a decadência financeira do JS? E o LANCE! teve alguma participação para essa crise?


ML: Em primeiro lugar, assim como todos os negócios, o JS teve seus altos e baixos. E em segundo lugar, não foi somente por causa do LANCE que o JS entrou em crise, o que aconteceu foi que o Jornal mudou de foco.
Diferente do LANCE, por exemplo, o JS não atende só ao futebol, mas também ao vôlei, à natação, ao judô e a todas atividades que podem ser chamadas de esportes.
E, hoje, os principais jornais do mercado têm seus próprios cadernos de esportes, portanto, as opções que um leitor têm para obter informações sobre os esportes são muitas, e, foi justamente isso que fez com que o JS saísse de sua singularidade.
Portanto, mudamos de foco, saímos do impresso para investir no Portal do JS, mas não porque estaríamos falindo e sim, porque a tendência do mercado é o fim do papel, primeiro porque agride menos o meio ambiente, segundo que o capital de custo é menor, terceiro porque a agilidade da informação urgente é muito melhor, enfim, são tantas as vantagens que contam na balança que fizeram o JS seguir nesse seguimento.



GF: Por que não achamos mais o JS nas bancas do Rio?

ML: Porque a praticidade e a preferência de acesso à Internet hoje é bem maior pelos leitores do JS. Não sujam as mãos como o jornal, não têm dificuldades para folhearem as páginas e as informações chegam em tempo real.



GF: Como editor chefe, quais são suas expectativas para o jornal depois dessa crise? Pretende retomar o JS do passado?

ML: As minhas expectativas são que meus profissionais tenham competência de pegar o furo dos acontecimentos, e que dali mesmo abram seus laptops e postem uma nota no site em tempo real.
A partir disso, nunca vou dar a "bobeira" de voltar ao JS do passado, já que hoje os tempos e as tecnologias são outras. Do contrário nunca teremos as notícias em primeira mão, muito menos conquistar credibilidade no mercado e a fidelidade de nossos leitores.

Janaína Pimentel
A pequena redação improvisada do Jornal dos Sports



O Jornal dos Sports é referência para todos os outros que falam sobre o assunto, até porque, enfatiza todos os esportes de um forma geral e não prioriza o futebol, como ressalta o editor do Jornal. "Somos uma equipe que sempre falou de tudo. Se é esporte, estamos falando. Não damos mais atenção ao futebol, mesmo sendo a paixão nacional. Eu acho que as pessoas tem que ter uma noção de tudo, mesmo que seja chato às vezes, até porque, informação nunca é demais.", relatou.
Portanto, o JS ainda permanece vivo, mesmo que em um momento ruim. Não mudou seu perfil e também não virou tablóide, como tantos outros que estão em maus momentos e já aderiram ao modelo. É notório que ainda enfrenta diversidades, mas o Jornal mostra sua força e vontade de ficar no mercado. Mantém o "rosa" e ainda está assim, para mostrar que, mesmo enfrentando tantas dificuldades, ainda é o Jornal dos Sports.


Janaína Pimentel

Entrada da pequena redação do Jornal dos Sports

Revisando o passado

Por: Leo Borges, Luiza Marinho, Luciano Mendes e Juliana Bitencourt


Quando entrou para o Jornal dos Sports, entre o fim dos anos 90 e o início de 2000, o jornalista Nivaldo Lemos esperava ficar na equipe por bastante tempo. Tal fato se deve ao prestígio do jornal, que sempre foi referência no que dizia respeito a jornalismo esportivo de qualidade. Em entrevista, Nivaldo comenta as condições de trabalho e relembra grandes nomes que estamparam as páginas do JS.

Na época em que foi contratado como revisor de textos da publicação, Nivaldo conta que a sede do jornal ficava na Rua Tenente Possolo, na Cruz Vermelha, centro do Rio de Janeiro. “As instalações eram antigas e precárias. Usávamos máquinas de escrever em péssimas condições e a Redação funcionava sem ar condicionado”. O jornalista diz ainda que havia profissionais muito bons e outros ruins, o que gerava um desequilíbrio na equipe como um todo. Lá Nivaldo encontrou uma figura renomada, que trabalhou com ele nos jornais O Dia e A Notícia também. “Nessa época o Henfil lançou seus célebres personagem de clubes cariocas no JS: Urubu (Flamengo), Cri-Cri (Botafogo), Bacalhau (Vasco), Pó Pó (Fluminense) e Gato Pingado (América). Suas charges eram das melhores coisas do jornal”.

O Jornal dos Sports, que já abrigara em suas páginas O Sol – suplemento que era um celeiro de jornalistas, escritores e intelectuais contrários à ditadura, perdera muitos anunciantes e acumulara dívida imensa com fornecedores por conta disso. “Acredito que a partir daí, a família Velloso acabou comprando o jornal a preços baixos, mas não soube administrar o negócio que, pouco tempo depois, faliu junto com as Casas da Banha, comércio que os lançou no mercado”. O jornalista revela que o que mais lhe chamou atenção durante o período em que trabalhou no veículo foi a questão financeira. Salários baixos e muitas vezes atrasados se tornaram rotina na época. Ele cita outros grandes nomes com que conviveu em sua fase no JS: Nélson Rodrigues Filho que falava do Fluminense e anos depois – desiludido com a carreira e o país – acabou abrindo o badalado bar Barbas, de muito sucesso em Botafogo, o Áureo Ameno, que cobria o Vasco, e o Eduardo Lacombe, que falava do Flamengo.

Crônica de Nelson Rodrigues inspira Cuca no Fluminense


Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques


"A verdade incontestável é que ninguém ganha da forma como nós ganhamos. As vitórias dos outros são simples, quase sem graça. Algumas beiram a banalidade, o ridículo, as nossas não. As nossas são cardíacas...".
Qualquer semelhança entre esse trecho, de uma célebre crônica de Nelson Rodrigues, com o momento atual do Flu é mera coincidência.


– Essa frase encaixa bem com o Flu. Geralmente é isso mesmo que se vê. São coisas épicas, heroicas e, quando geralmente está num quadro catastrófico, o Flu tem forças para sair. Não sei se vou mostrar para o grupo ainda, mas o importante é que eu vi e senti tudo isso, e eu sentindo quero passar toda essa energia para os jogadores. Que Deus abençoe todas essas palavras e que sirva de motivação até o fim do ano – disse o treinador.

Nelson Rodrigues - Literatura Contemporânea

Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques

Apesar das maiores realizações artísticas de Nelson Rodrigues estarem na dramaturgia, é inegável sua importância para a crônica brasileira, tanto por seu estilo personalíssimo, marcado por uma quase inesgotável capacidade de criar frases de efeito (que nem sempre primavam pelo bom gosto), quanto pela veia polemista e iconoclasta com que retratou os costumes do Brasil urbano, num período compreendido entre as décadas de 1950 a 1970.
Muitas de suas frases e expressões acabaram ingressando numa espécie de memória cultural brasileira por serem provocantes e até agressivas:

– Num adultério, há homens que preferem ser o marido, não o amante. Os homensadoram ser traídos.
– Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor.
– Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma.
– No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte.
– O Sábado é uma ilusão.
– Aos dezoito anos, o homem não sabe nem como se diz bom-dia a uma mulher. O homem devia nascer com trinta anos feitos.
– O amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é fiel. O inimigo é o que vai cuspir na cova da gente.
– Toda mulher gosta de apanhar.
– O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.
– Qualquer menino parece, hoje, um experimentado e perverso anão de 47 anos.
– Se cada um conhecesse a intimidade sexual dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém.
– Toda unanimidade é burra.

Outra peculiaridade na elaboração de suas crônicas é que, apresentando-as sob a forma tradicional de comentários sobre o cotidiano (portanto, como expressão direta das idéias do escritor a respeito da vida), ele introduz nelas personagens ficcionais e seres reais, que coexistem e dialogam entre si ou com o próprio autor.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAPAS MEMORÁVEIS

por Diego Mesquita (diego.mesquita@facha.edu.br) e Vinícius Perazinni (vinnyperazinni@hotmail.com)
Arquivo pessoal

Após o longo jejum de 21 anos sem títulos, o Botafogo, como fora apresentado por Fernanda Maldonado, sagrou-se campeão carioca de 1989. E parece ter tomado gosto pela coisa. Já no ano seguinte, o alvinegro carioca chegou ao bicampeonato da competição, como noticiou o Jornal dos Sports em 30/07 daquele ano. Na ocasião, a equipe de General Severiano venceu a polêmica decisão contra o Vasco, pelo placar mínimo.

A campanha do Botafogo durante o campeonato foi quase irretocável – de novo. Segundo o Portal Campeonato Carioca, eis a campanha do clube durante toda a competição:

TAÇA GUANABARA:
27/01/1990 América 0x0 Botafogo Maracanã Taça Guanabara
31/01/1990 Botafogo 2x1 Americano Caio Martins Taça Guanabara
03/02/1990 Botafogo 2x2 Bangu Caio Martins Taça Guanabara
07/02/1990 Cabofriense 0x0 Botafogo Correão Taça Guanabara
11/02/1990 Fluminense 0x2 Botafogo Maracanã Taça Guanabara
14/02/1990 Botafogo 1x0 Campo Grande Caio Martins Taça Guanabara
18/02/1990 Botafogo 1x1 Vasco Maracanã Taça Guanabara
21/02/1990 Botafogo 1x0 América-TR Caio Martins Taça Guanabara
04/03/1990 Nova Cidade 0x1 Botafogo Ítalo del Cima Taça Guanabara
07/03/1990 Itaperuna 0x0 Botafogo Jair Bitencourt Taça Guanabara
11/03/1990 Botafogo 2x1 Flamengo Maracanã Taça Guanabara


TAÇA RIO:
18/03/1990 Vasco 1x1 Botafogo Maracanã Taça Rio
21/03/1990 Americano 0x0 Botafogo Godofredo Cruz Taça Rio
28/03/1990 Botafogo 5x3 Cabofriense Caio Martins Taça Rio
01/04/1990 Botafogo 0x0 Fluminense Maracanã Taça Rio
04/04/1990 Botafogo 0x0 América Caio Martins Taça Rio
07/04/1990 Bangu 0x0 Botafogo Maracanã Taça Rio
11/04/1990 América-TR 1x0 Botafogo Artur Ribas Taça Rio
14/04/1990 Botafogo 4x0 Nova Cidade Caio Martins Taça Rio
18/04/1990 Campo Grande 0x2 Botafogo Ítalo del Cima Taça Rio
21/04/1990 Botafogo 1x0 Itaperuna Caio Martins Taça Rio
28/04/1990 Flamengo 0x2 Botafogo Maracanã Taça Rio


FINAL:
29/07/1990 Botafogo 1x0 Vasco Maracanã

Para falar em números exatos, em 23 jogos foram 12 vitórias, 10 empates e apenas uma derrota. Com esta campanha, o clube da estrela solitária terminou a competição com 34 pontos somados, com 28 gols pró e apenas 10 contra.

Esta partida guarda uma das maiores polêmicas desta centenária competição. Por conta de um regulamento confuso, o Vasco julgou-se no direito de exigir, ao final da partida em que fora derrotado pelo Botafogo, uma prorrogação. A equipe dirigida por Joel Martins da Fonseca, campeã em campo, recusou-se.

ENTENDA O CASO
Toda confusão se deu por conta de um regulamento dúbio, passível de interpretações outras.
Dizia o confuso regulamento que a final deveria ser disputada entre o vencedor da Guanabara (no caso o próprio Vasco) e o campeão da Taça Rio (Fluminense). Todavia, admitia o regulamento que em caso de um terceiro time somar mais pontos ao final dos dois turnos, este entraria na disputa. Caberia a este terceiro esperar o confronto entre os vencedores da Guanabara e da Rio - – então vencido pelo Vasco por 1 a 0. Por conta desta vitória, o Vasco julgou ser merecedor de dois pontos para serem somados aos anteriormente conquistados. Os quais, se computados, igualariam o número de pontos do Botafogo – vencedor do jogo final. Tudo, porém, não passou de uma equivocada interpretação do clube cruzmaltino.

A volta olímpica sem troféu
Ao término da partida, os jogadores do Botafogo, naturalmente, comemoram a conquista com sua torcida. A equipe cruzmaltina que, por sua vez, esperava uma prorrogação – negada pelo Botafogo –, se autoproclamou campeã carioca daquele ano. O troféu, porém, estava de posse do verdadeiro campeão. Coube ao Vasco, pois, dar sua volta olímpica com seu troféu alternativo: uma caravela concedida por um torcedor da antiga geral do Maracanã.

Como também relatou, em cima do fato, o Jornal dos Sports, em 10 de agosto, posteriormente a FERJ confirmou a conquista do Campeonato Carioca de 1990 ao Botafogo de Futebol e Regatas.

Flávio Almeida, o 'baú vivo' do JS

Por Thiago Trindade e Juliana Castro

Formado pela FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso) em 1996, o jornalista Flávio Almeida começou a carreira no mesmo ano, no O Fluminense, de Niterói, e em julho de 2000 chegou ao Jornal dos Sports para assumir o cargo de editor. A ligação com o periódico cor-de-rosa já começava pela data de aniversário de ambos (13 de março) e se intensificou durante os oito anos em que trabalhou por lá. Hoje no jornal O Dia, ele ‘devorou’ os arquivos e tornou-se um ‘baú vivo’ do JS, sendo capaz de responder a qualquer pergunta relacionada ao veículo.

“Tomei conhecimento da história do JS durante o período que trabalhei lá. Acho importante sabermos a história da empresa na qual trabalhamos. Hoje me interesso em saber a história de O Dia, que tem uma trajetória interessantíssima no jornalismo brasileiro”, comenta Flávio, que está no O Dia desde agosto de 2008 e passou pela editoria de Cidade e Polícia antes de trabalhar com esportes.

Uma conversa com Flávio até dispensa uma consulta ao arquivo do JS. Ao comentar a cobertura do jornal em Copas do Mundo, ele destaca as de 34 (a primeira do periódico) e 38, quando uma multidão se amontoava para escutar a transmissão dos jogos do Brasil através das caixas de som que eram colocadas na porta da redação. Porém, a melhor cobertura do Jornal dos Sports em Mundiais, segundo o jornalista, foi a de 2002, em que o Brasil sagrou-se pentacampeão.

“Era um tempo de vacas gordas. Tínhamos três correspondentes na Coreia do Sul e no Japão e fizemos uma cobertura muito boa. Trabalhar em um horário diferente, por causa do fuso horário, também foi uma experiência muito interessante. Sem dúvidas, foram os momentos mais marcantes nos oito anos que fiquei no jornal. Na última Copa, em 2006, já sofríamos com a falta de estrutura e salários atrasados. Foi uma cobertura baseada em internet”, diz, lembrando o contraste entre as coberturas do veículo em Copas do Mundo e Jogos Olímpicos. “Mesmo nos áureos tempos, o JS nunca se preocupou muito com as Olimpíadas. O torcedor carioca prefere saber quanto foi America e São Cristóvão a quem ganhou medalha de ouro no arco e flecha. Isso não vende muito jornal aqui no Rio de Janeiro”, afirma.

Infelizmente, a longa passagem de Flávio Almeida pelo Jornal dos Sports não foi recheada somente de alegrias. Quando entrou, o veículo era referência no jornalismo esportivo, com boa estrutura, salários em dia e “um time de profissionais de primeira”. Entretanto, nos últimos anos, tudo se inverteu e o jornalista chegou a ser uma das vítimas de um assalto à redação, em dezembro de 2007, quando era o editor-chefe. Tal declínio, para Flávio, é creditado à incompetência de alguns administradores que passaram pelo veículo.

“Alguns comandantes do jornal não tinham o menor conhecimento sobre o funcionamento de uma redação. Tratavam aquilo como se fosse uma quitanda, chegando ao desrespeito com os profissionais. Enquanto fui editor-chefe, mantive o profissionalismo, qualidade ausente nas pessoas que comandavam a empresa. Eu acabei saindo por que houve uma mudança no comando e, com isso, os profissionais com mais tempo de casa foram dispensados.”

Apesar do enorme carinho que ficou, Flávio diz que não voltaria a trabalhar no Jornal dos Sports, pois não acredita em uma ressurreição do veículo. Ele lamenta o fato não só pelo lado pessoal, mas também por toda a imprensa carioca.

“Aprendi muito no tempo que trabalhei no JS. Pena hoje o jornal não ser mais uma referência profissional. E nem para os leitores. Mas o que me marcou mesmo foram os profissionais com quem trabalhei. Seria indelicadeza minha citar apenas um nome. Hoje, todos eles estão em grandes empresas. Espero que um dia isso volte a acontecer, pelo bem da profissão. Recentemente, o Rio já perdeu um jornal com o fechamento da Tribuna da Imprensa. Não seria bom para nós, jornalistas, vermos outro jornal fechar as portas”, declara.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

JS em títulos dos clubes cariocas - Fluminense

Por Thiago Trindade - thiagootrindade@gmail.com

O JS já estava longe dos seus melhores dias quando o Fluminense conquistou um título inédito em sua história centenária, a Copa do Brasil de 2007. Tanto que, por falta de recursos do jornal, o estagiário Gabriel Simi teve que completar ‘do próprio bolso’ o dinheiro das despesas para ir a Florianópolis (SC) e realizar a cobertura da grande decisão, na noite do dia 6 de junho, quando o Tricolor venceu o Figueirense por 1 a 0, gol do zagueiro Roger, no Estádio Orlando Scarpelli.

“Decidi fazer isso por que estava saindo do JS, provavelmente do jornalismo esportivo também, e era um tricolor de 23 anos na época. Ou seja, era a chance de ter uma experiência de trabalho legal e ver um título importante do Fluminense. Com certeza, não faria o mesmo se estivesse na cobertura do Flamengo, por exemplo. Foi muito bom! Tanto pelo lado profissional, quanto pelo pessoal. No fim do jogo, o Branco (coordenador de futebol do Flu) veio me agradecer pela cobertura”, conta Gabriel, atualmente fazendo mestrado em cinema na Inglaterra.

Na redação, muito sofrimento durante o jogo e festa após o apito final do árbitro Heber Roberto Lopes. Isso porque o então editor-chefe do Jornal dos Sports, o também tricolor Flávio Almeida, escalou somente torcedores do Fluminense para trabalharem no horário da decisão. Contando com a capa e o pôster – cuja foto era de uma agência –, cinco páginas da edição do dia 7 de junho foram destinadas ao título da Copa do Brasil. O editor Paulo Rocha foi o responsável pela crônica da partida, enquanto os estagiários Guilherme Torres e Patrick Tostes fizeram a repercussão. Na capa, a manchete principal dizia “O Brasil é Tricolor!”. Dias depois, o JS publicou separadamente um superpôster (foto), com mais fotos, perfis dos heróis do título e detalhes da campanha vitoriosa.

“Os setoristas do Fluminense eram todos tricolores, assim como os editores. Então acelerei o fechamento do resto do jornal para liberar o pessoal dos demais clubes. Na hora do jogo, o jornal só dependia do Flu para fechar, então só os tricolores estavam interessados”, explica Flávio Almeida, que ficou satisfeito com o trabalho realizado. “Pela nossa estrutura e limitação, acho que não ficamos devendo nada. Foram três páginas sobre a decisão, além do pôster e da capa 100% tricolor. Ou seja, cinco páginas de Fluminense em um jornal com doze páginas”, diz o jornalista, hoje redator/editor de esportes do jornal O Dia.

Uma história curiosa aconteceu com Guilherme Torres. O delay (atraso) da TV por assinatura acabou fazendo o então estagiário deixar de assistir ao jogo para ouvir pelo rádio, sozinho, na escada da redação.

“A redação tinha Sky, que, por ser satélite, tem um delay razoável de quatro ou cinco segundos. Quando o jogo começou, resolvi testar meu radinho para pegar alguma entrevista e adiantar o trabalho, e já ouvi o gol do Roger. Fiquei meio sem entender nada e só acreditei mesmo quando passou na TV. Como tinha ouvido o gol na rádio, antes de todo mundo, resolvi que teria de passar o jogo inteiro ouvindo por ali, sem ver pela TV. Só às vezes que dava uma olhada pelo vidro da redação para ver o replay”, conta Guilherme, atualmente trabalhando com assessoria de imprensa na Textual Serviços de Comunicação. “Foi muito bom! Depois do jogo, ficamos uns cinco minutos comemorando até voltarmos a trabalhar”, completa.

JS em títulos dos clubes cariocas - Flamengo

Por Aline Aniceto e Rayssa Gracie

Em um jogo emocionante, digno de uma final de um Campeonato Carioca, disputado por dois times com grande rivalidade, o Flamengo se sagrou tricampeão no ano de 2001. Era a terceira vez consecutiva que Fla e Vasco se enfrentavam na briga pelo titulo do Estadual e, mais uma vez, foi o time da Gávea quem levou a melhor. Contrariando o favoritismo do Vasco, que havia vencido a primeira partida da decisão por 2 a 1, no embate final o Flamengo, sob o comando de Zagallo, venceu pelo placar de 3 a 1, com direito a um belo gol de falta marcado por Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo, e defesas espetaculares do goleiro Júlio César.

A caminhada para essa conquista começou com a vitória da Taça Guanabara em uma final tensa contra o Fluminense, decidida nos pênaltis. No primeiro turno, a campanha do clube foi muito bem sucedida, só perdendo para o Botafogo. A campanha na Taça Rio foi regular e a final foi contra o campeão do segundo turno, o Vasco.

Em comemoração a essa conquista, o Jornal dos Sports lançou uma revista (foto) em edição comemorativa para contar a história do tricampeonato de 1999/2000/2001 e dos outros três tricampeonatos anteriores, conquistados nos anos de 1942/1943/1944 – 1953/1954/1955 e 1978/1979/1979, com detalhes das campanhas do clube, jogadores que participaram das conquistas e um rico acervo fotográfico. Atualmente, a revista é peça de coleções de torcedores apaixonados pelo Flamengo.

JS em títulos dos clubes cariocas - Botafogo

Por Fernanda Maldonado

O Botafogo sofreu um doloroso jejum de títulos durante 21 anos. Porém, depois do dia 12 de fevereiro de 1989, essa situação começou a mudar com a vitória do alvinegro sobre o America por 1 a 0, pela Taça Guanabara. Durante os dois turnos do Campeonato Carioca daquele ano, o Botafogo não perdeu nenhuma partida e consolidou, assim, o título que jogadores, comissão técnica e, principalmente, os torcedores tanto almejavam. No dia 21 de junho de 1989, no Maracanã, o time selou o fim do jejum derrotando o Flamengo com um gol do seu camisa 7, Maurício.

A taça já estava na mão do time e a torcida, a procura de lembranças daquele dia tão importante, correu para as bancas atrás dos jornais que tinham o assunto estampado na capa. O Jornal dos Sports, principal diário esportivo da época, foi o mais procurado e não conseguiu atender à enorme demanda. “Segundo o presidente do veículo na época, o flamenguista Luiz Augusto Veloso, o JS só não imprimiu mais jornais aquele dia porque não tinha papel suficiente. As kombis de distribuição nem conseguiam sair da antiga sede, na Rua Tenente Possolo, na Lapa. Os exemplares iam sendo vendidos ali mesmo” (trecho retirado do blog “21 depois de 21” http://www.21depois21.blogspot.com/, dos jornalistas Rafael Casé e Paulo Marcelo Sampaio, que pretendem lançar um livro de mesmo nome em 2010).

JS em títulos dos clubes cariocas - Vasco

Por Juliana Castro

As páginas do Jornal dos Sports do dia 29 de setembro de 1977 estamparam a grande conquista do Vasco naquele ano. Era o título de Campeão Carioca, obtido em cima do Flamengo sem a necessidade de uma decisão, pois o time da Colina saiu vitorioso nos dois turnos. A partida foi realizada no dia 28 de setembro de 1977, no Maracanã, para um público de 152.059 pagantes. Durante o tempo normal de jogo, os times não saíram do 0x0. O título foi decidido em uma tensa decisão por pênaltis, que teve o resultado de 5x4 para o Vasco. A capa do JS exibia a foto oficial do time vitorioso e três lances do jogo que marcou a torcida.

O êxito no primeiro turno, a Taça Guanabara, se justifica pela excelente campanha que o time apresentou, só perdendo uma partida - para o America, por 1x0. As demais contabilizam 13 vitórias, sendo uma na final contra o Botafogo, com os dois gols da partida marcados pelo ídolo Roberto Dinamite.

Já no segundo turno, então conhecido como Taça Manoel do Nascimento Vargas Netto, o clube de São Januário conseguiu superar a primeira atuação. Dos 14 jogos que participou o time cruzmaltino só não ganhou dois, empatando com Flamengo e Volta Redonda. O mais impressionante é que o Vasco não sofreu nenhum gol durante o turno, alcançando, assim, um recorde mundial. O goleiro Mazaroppi também atingiu o recorde de maior série de jogos sem sofrer gol em campeonatos de primeira divisão em toda história do futebol.

terça-feira, 17 de novembro de 2009


1950 1960 1970

1980 2000
Fotos: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=845568&page=3

Os Amantes das Peladas


Por Martha Twice

Quando a “Pátria de Chuteiras”, de Nelson Rodrigues, deixou de ser o título de uma coletânea de crônicas e tornou-se jargão, fazendo alusão a uma época em que o Brasil se tornava conhecido no mundo através do futebol, e este proporcionava a inclusão social e traduzia o amor e inocência que esses craques tinham pelo simples fato de jogar bola, viajar e ganhar títulos, esses ingredientes ficaram para trás.

O tempo é outro, o Brasil é um País de reconhecimento internacional em vários setores da sociedade. Hoje estamos com uma cadeira quase cativa na ONU, participamos do G20 e no esporte somos o País do Futebol, do Voleibol, da Natação, e agora sediando as Olimpíadas de 2016 seremos o País de várias modalidades Olímpicas. Os craques que sonhavam simplesmente em conhecer o mundo e confirmar que o Brasil era o País do futebol arte, hoje são os milionários do futebol, empresários, e na maioria das vezes, o prazer que os move é o leilão de seus passes, que estão cotados em dólares. Somos atualmente o País do futebol cash, com arte é claro. Mas ainda existem remanescentes que guardam um amor por uma prática de jogo que de forma clássica chama-se “Pelada”, são os peladeiros do Brasil, que podem ser encontrados em todas as regiões do País, seja no interior ou nos grandes centros.

O Campeonato organizado pelo Jornal dos Sports o “Torneio de Pelada do Aterro no Flamengo” surgiu entre as décadas de cinqüenta e sessenta, idealizado pelo jornalista Mario Filho. Era uma época que jogar bola não significava cifras a mais no bolso, e sim, um momento de confraternização, o encontro de pessoas de classe sociais distintas, que compartilhavam o mesmo prazer. Aquilo era a democratização do amor por um esporte, que movimentava a imaginação e a esperança dos seus adeptos.

Para resgatar essas histórias de amor, fui ao Aterro do Flamengo descobrir alguns desses * “pés descalços” que estão jogando bola há mais de quatro décadas. Através das histórias contadas por cinco integrantes do time “Unidos do Aterro do Flamengo” – Arnaldo Pinto, Germando Gonçalves (Dida), Álvaro Eduardo, Henrique Pessanha e Gaia Barrios – vamos entender como começaram os torneios de peladas no recém construído Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, conhecido como Aterro do Flamengo, inaugurado no governo de Carlos Lacerda. Os discursos são realmente contagiantes é nítido o amor ao futebol, o respeito aos companheiros e o valor que eles dão em manter esses encontros e passar esse compromisso para filhos e netos. Os “Peladeiros de Plantão” formam verdadeiramente uma confraria.
*possível origem do termo “peladas”, pois a prática do jogo era de pés descalços, nas ruas ou campos de terra, caracterizando um esporte praticado por pessoas humildes, sem acesso a tênis ou chuteiras.

O médico Henrique Pessanha relata que os campeonatos no Aterro surgiram quando os times locais de futebol de areia começaram a se organizar e jogar nos campos recém construídos. Os campeonatos foram surgindo, entre eles, o do Jornal dos Sports, chegou a ter centenas de clubes inscritos, e lembra que o primeiro time Campeão foi o “CAPRI”, de Santa Tereza, o segundo campeão foi o “Ordem e Progresso”. No terceiro ano o campeonato teve suas regras modificadas, passou a ser dividido por categorias: veterano, adulto, juvenil, o que aumentou o número de equipes. “Os times tradicionais do Aterro foram “CAPRI”, “Ordem e Progresso”, “Milionário”,
“Xavier” e “Embalo”. Segundo Henrique, grandes jogadores marcaram presença, entre eles, Milton Santos, Zico, Dida, Zagalo. O Flamengo participava do campeonato dos veteranos.”

O veterano, Gaia Barrios, fala com orgulho que os “Peladeiros” do time “Unidos do Aterro do Flamengo”, estão desde o final da década de cinqüenta juntos. Organizados como uma instituição desportista, com uma diretoria composta de presidente, diretor de esportes e diretor financeiro. Os jogadores pagam uma mensalidade, com o objetivo de pagar roupeiro, material esportivo e organizar duas festas anuais. “É um grupo que se reúne para matar a saudade todo final de semana, para comentar o dia a dia e jogar a nossa “peladinha”.” Perguntados se os peladeiros da antiga são melhores que os de hoje, eles afirmam que não tem essa de melhores, o que os diferenciam é que a “garotada” não tem o compromisso de jogar “cedinho”, como o de costume, pois eles preferem ir para a noitada.


Os oito campos e as quadras polivalentes que existem hoje no Aterro do Flamengo, foram reformados e reinaugurados há mais de uma década, são administrados pela Prefeitura do Rio de Janeiro, sob a gestão da Região Administrativa do Flamengo. Segundo o jornalista Germando Gonçalves, dos oito campos de futebol e das quadras polivalentes todos estão com defeitos, e estão abandonados desde a sua inauguração. “Eu assumo um compromisso com o senhor Eduardo Paes, em gramar todos esses campos em no máximo trinta dias”. E afirma que não faltam patrocinadores, e cita a Petrobrás, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, que investem milhões de Reais em patrocínios, e não há a preocupação em disponibilizar dois milhões para gramar os campos. “Todos os dias têm mais de quatro meninos com fraturas de pernas e braços, porque os campos estão todos esburacados. Não tem Eduardo Paes, Não tem Sérgio Cabral, não tem Lula, não tem ninguém. É uma vergonha!”

Segundo os entrevistados alguma atitude precisa ser tomada para resolver os problemas de infra-estrutura do Parque do Flamengo, por alguns motivos fundamentais: é o maior e mais belo parque urbano do Mundo, é a porta de entrada da orla Carioca, é um dos pontos turísticos mais visitados da Cidade e é uma das principais áreas de lazer do Estado, freqüentado por milhares de moradores. E afirmam o que se esperara de uma Cidade Olímpica, é que ela proporcione campos, quadras e salas de treinamentos em pleno estado de funcionamento, para que seus atletas amadores e profissionais pratiquem suas modalidades, possibilitando a formação de futuros campeões olímpicos.

Esse foi mais um final de semana de sol primaveril, nos campos de futebol dos “Peladeiros” do Aterro do Flamengo, em um Rio de Janeiro, que apesar das suas mazelas sociais, culturais e políticas, continua lindo.
Fotos: Martha Twice
Em pé esq dir Alvaro Eduardo, Ségio Dias, Luiz Eduardo,
Germando Gonçalves (Dida); Agachado esq dir Lecio Barrios, Arnaldo Pinto
Gaia (camisa preta em pé) e Dida entre peladeiros de várias gerações do Unidos do Aterro do Flamengo

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Cartunista do Jornal dos Sports imortalizou o urubu como símbolo do Flamengo

Por Marcela Soares

Há cerca de 40 anos atrás, o cartunista Henfil imortalizou o urubu como mascote do time carioca Flamengo. Henrique de Sousa Filho, flamenguista fanático, passou a representar o clube como a ave nas suas tirinhas, publicadas pelo Jornal dos Sports. Até então, o animal era uma piada ofensiva criada pelas torcidas adversárias para provocar o time rubro-negro, que tinha o Popeye como personagem consagrado.

O pontapé inicial para a mudança de mascote foi no dia 1º de junho de 1969, quando torcedores flamenguistas decidiram soltar a ave no campo do Maracanã, minutos antes da partida entre Flamengo e Botafogo, pelo Campeonato Carioca. No dia seguinte ao jogo, em que o rubro-negro quebrou um tabu de nove jogos sem vencer o alvinegro, Henfil publicou no JS uma charge em que o torcedor era representado pelo urubu.

O animal tornou-se popular para a torcida, que o elegeu como novo mascote do time. Até sua morte, em 1988, o cartunista mineiro desenhou charges para o Jornal dos Sports, sempre usando a imagem da ave, que é, até hoje, símbolo do clube da Gávea.



Os maiores craques da crônica esportiva

Por Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques.

Sem dúvida, os maiores craques da crônica esportiva brasileira foram José Lins do Rego e os irmãos Mario Filho e Nelson Rodrigues. Tudo começou quando Mario publicou uma longa entrevista com o goleiro Marcos de Mendonça, em 1926. Anos depois, já chefe de esportes de O Globo, foi dirigir antes de comprá-lo, O Jornal dos Sports, onde montou uma tribuna em defesa da construção do estádio municipal no bairro do maracanã. Segundo Ruy Castro, um dos netos de Mario Filho, achava que o avô fosse rubro-negro, pois, vibrava mais com as vitórias do Flamengo. Mas se Mario "inventou"a crônica esportiva, Nelson criou os personagens, imagens e expressões mais perenes.

"O Sobrenatural de Almeida" foi o responsável pelo inexplicável no futebol, a "grã-fina de narinas de cadáver", que em pleno Maracanã costumava indagar "quem é a bola?"; o ceguinho tricolor, seu álter-ego; a burrice do vídeo-teipe e dos intelectuais, verdadeiros "idiotas da objetividade". Enfim, aos textos esportivos de Mario Filho, Nelson e José Lins a dimensão e a importância que devem ter. Imperdível para os amantes e estudiosos do já tão brasileiro esporte bretão.

sábado, 14 de novembro de 2009

Existe alguma semelhança entre o Jornal dos Sports e o Lance?

Por Juliana Costa

Entrevistei o jornalista Fabio Silva, que era leitor do Jornal dos Sports e que hoje lê o Lance, pois ele é fanático por futebol, e fez uma pequena comparação entre um jornal e outro.

"Acretido que não por inúmeras razões: a primeira delas é com relação aos momentos, que são completamente distintos. Na época que eu lia o Jornal dos Sports, não havia internet, celular nem variedade de programas de TV sobre esporte. Mesmo assim, já sabíamos tudo sobre os jogos do nosso clube e também dos adversários. Acompanhávamos as partidas no rádio, comentávamos com nossos parentes, vizinhos, e, no dia seguinte, com colegas de colégio. A leitura era só um complemento. Usávamos algumas frases para encarnar nos amigos, principalmente se nosso time vencia algum clássico. Hoje, ao ler o Lance, já sabemos praticamente tudo. Queremos apenas mais uma informação, um ponto de vista diferente, um gráfico, uma declaração de um jogador ou uma tabela que possamos tocá-la com nossas próprias mãos. O dever dos repórteres do Lance é sempre buscar aquele algo mais, o que ainda não foi dito e nem tão explorado. Por isso ele tem que se exigir mais, cobrar de si próprio cada palavra que escrever e fazer aquela fatídica pergunta: Será que estou dizendo tudo de forma clara e objetiva?".

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

"Se existe algum jornal 'flamenguista', este jornal é o 'Lance!'", afirma o Diretor de Marketing do Jornal dos Sports


Por Daniel Levi

Quando soube do trabalho do blog do “Jornal dos Sports”, pensei em pegar minha câmera digital, ir até a redação do site do JS e documentar, em vídeo, seu modus vivendi e operandi. Mostraria, audiovisualmente, os repórteres trabalhando no site, apurando matérias, sugerindo pautas. Entrevistaria alguns deles, apresentaria o site e procuraria estabelecer as semelhanças e diferenças entre ele e o jornal impresso. Depois, capturaria as imagens no meu Adobe Premiere e editaria o material, colocando-o no YouTube e disponibilizando o mesmo para que fosse postado no blog dos alunos do PC.

A ideia era boa? Bem, ao menos, para mim, a ideia parecia bastante boa. Entretanto, infelizmente, mal sabia eu que começaria um ciclo de dificuldades que duraria quase três meses. Mas que, finalmente hoje, teria um final feliz.

Voltando um pouco no tempo, mais precisamente para o mês de setembro, após tentativas frustradas de conseguir um contato no “Jornal dos Sports” - através de colegas no antigo Globo Online -, consegui o contato do presidente do JS, Arnaldo Cardoso Pires. Após semanas tentando estabelecer uma negociação, fui informado por Arnaldo que o vídeo não poderia ser realizado. Isto porque o site do “Jornal dos Sports” estaria passando por uma “profunda transformação”, segundo ele, que traria ainda “algo inédito” no mundo.

Insisti, então, em entrevistar alguém que pudesse me falar um pouco sobre isso e sobre o funcionamento do site em si. Ele me indicou o Dado, que seria o manager do jornal, e que entraria em contato comigo. Após algum tempo sem conseguir estabelecer contato com Dado, tentei restabelecer contato com Arnaldo. Devo afirmar aqui que, Arnaldo, sempre se mostrou solícito, pelo menos como um homem em sua posição – ou seja, com a quantidade de compromissos e reuniões que tem em sua agenda – consegue ser, e sempre procurou me ajudar a atingir o meu objetivo. Sem ele, a entrevista abaixo não teria sido feita.

Mas, retornando à nossa linha do tempo, já estávamos em novembro e eu, sinceramente, já estava bastante preocupado com o prazo. Praticamente em desespero, voltei a insistir e, finalmente, consegui falar com o Arnaldo. Preocupado, ele me perguntou se eu ainda estava no prazo e, imediatamente, me transferiu para Michael, aquele que iria me conceder a entrevista.

Após algumas tentativas frustradas de encontros no Centro da cidade e na Barra da Tijuca, consegui, hoje, realizar a entrevista abaixo. A seguir, segue a conversa com Michael Lopes, Diretor de Marketing do “Jornal dos Sports”, um papo sobre jornalismo, concorrência, internet e futebol.

P. Gostaria de começar com você se apresentando.

R. Meu nome é Michael Lopes de Lima, tenho 26 anos e sou Diretor de Marketing do “Jornal dos Sports”.

P. Fale um pouco do site do “Jornal dos Sports”: quantas pessoas trabalham na redação?

R. Bem, atualmente, temos em torno de umas 15 pessoas, aproximadamente, trabalhando no site, hoje. Entretanto, é importante dizer que estamos reformulando o quadro no Jornal, para que possamos alinhar algumas das novas estratégias que pretendemos estabelecer dentro de alguns meses, já no ano de 2010.

P. Quais as principais diferenças entre o online e o impresso?

R. Diferença em que sentido? Ah, hoje em dia não existe mais o boom da notícia que vamos publicar amanhã no impresso... A grande notícia entra na hora na internet. E, em meio às grandes mudanças na área de comunicação, devido às novas ferramentas que utilizamos na internet, enxergo cada vez mais o papel como um apoio do Jornal Online que, muitas vezes, é em Real-time.

P. Existe integração entre o site e o jornal impresso?

R. Sim, aos poucos já estamos utilizando o impresso para apoiar o online.

P. Qual a quantidade de visitas diárias do site?

R. Não posso divulgar essa informação.

P. Qual o impacto que o surgimento de novos jornais como o “Lance!” causou ao “Jornal dos Sports”?

R. Podemos dizer que o impacto causado foi significante. No entanto, estamos com novas ideias estratégicas para ganhar novos espaços em 2010.

P. Conversando com o presidente do “Jornal dos Sports”, Arnaldo Cardoso Pires, fui informado que está havendo uma completa reestruturação do site. O que pode ser adiantado sobre esta transformação?

R. Infelizmente, não posso entrar em detalhes, já que é um projeto que exige sigilo absoluto. Tudo que posso dizer são algumas palavras que, de alguma forma, sintetizam o que virá, como: Novo, Moderno, Mobile, Customização, além de Grandes Parceiros...

P. O impresso também sofrerá mudanças?

R. Com certeza. Tudo funcionará como uma unidade.

P. Ao mesmo tempo em que há uma reformulação do site, em busca de maior audiência, especula-se mundialmente que os jornais impressos acabarão. Para o “Jornal dos Sports”, a internet é uma parceira ou uma vilã? Como sobreviver do jornalismo em uma época de blogs em que todos podem escrever e, na maioria das vezes, não possuem talento para tal?

R. Penso na internet como uma grande parceira nossa. E acredito, também, que a estratégia e a velocidade são as responsáveis por ditar a sobrevivência no meio.

P. Na sua opinião, a faculdade de Comunicação Social, especificamente o jornalismo, é necessária? Qual a sua formação?

R. Acredito, sim, que a faculdade seja importante. Eu me formei em publicidade.

P. O “Jornal dos Sports”, alguns anos atrás, era taxado de ser muito “flamenguista”. Isto mudou? Há alguma verdade na acusação?

R. Não somos flamenguistas, esta é uma acusação que não procede. Se existe algum jornal, hoje em dia, que demonstra isso, este jornal é o “Lance!”.

P. Algum palpite sobre a reta final do Brasileirão? Você acha que Botafogo e Fluminense retornam à Segunda Divisão?

R. Pessoalmente, e profissionalmente também, torço para que os dois continuem na primeira divisão.

Barrigas do Ofício?

Por Juliana Bitencourt, Leonardo Borges e Luiza Marinho.


Conhecida no meio jornalístico, a palavra "barriga" tornou-se jargão da profissão. Usado para designar os erros e descuidos dos jornalistas, o termo, há quem diga, pode fazer parte de um dos diversos capítulos da saga do Jornal dos Sports no Brasil. Em busca de uma pauta inédita e curiosa sobre o jornal, a temática das barrigas veio à tona. Muitos leitores e fãs da publicação esportiva afirmam ter visto de perto alguns erros em manchetes e artigos. Erros estes que podem não ter sido acidentais e sim uma estratégia para atrair compradores, uma vez que o jornal perdeu credibilidade perante o leitor há algum tempo. Em entrevista, os jornalistas Haroldo Habib e Roberto Sander comentam estes fatos e opinam sobre o futuro de um dos jornais esportivos mais antigos do país.

O jornalista Haroldo Habib filiou-se à equipe do Jornal dos Sports em 2001 e sempre foi parabenizado por suas grandes manchetes. Fã de esportes em geral, Haroldo afirma que a publicação chegou a ter uma tiragem de 80 a 100 mil exemplares em sua grande fase: “O objetivo do Jornal dos Sports era fidelizar o leitor, fazendo-o comprar o jornal independente de ter notícias sobre o seu time em particular". Em relação aos casos de barrigas no jornal, diz não ter conhecimento de nada parecido, somente especulações e que, o bom jornalista, precisa ter confirmações de todos os dados citados em seu texto.

Na época ocupando o maior cargo da Direção Executiva, o jornalista diz ter tido alguns problemas com a crise financeira do JS, chegando a ter a publicação suspensa por quatro dias seguidos, o que prejudicava não só o trabalho realizado por toda a equipe de Redação, como também a imagem do jornal perante seus leitores: "As vendas caíam devido a episódios como este e o leitor passava a buscar notícias em outras publicações esportivas". Segundo ele, o jornal passou por um período de investimentos há cerca de oito anos, mas com a mudança da administração central, começou a declinar. Atualmente no Lance! como Editor Chefe, Haroldo acha difícil a recuperação total do Jornal dos Sports, que hoje sobrevive em sua versão online, e garante que a chave se encontra nos investimentos: "É preciso trabalhar bem o conteúdo do jornal, proporcionando uma leitura de alto nível ao leitor. Só assim será possível reafirmar a marca e trazer o nome do JS de volta ao topo do jornalismo esportivo". Ele destaca ainda que a estrutura da Redação é muito importante para a ascensão do jornal, além de contratações profissionais que dêem credibilidade à publicação.


Roberto Sander entrou no Jornal dos Sports em Maio de 2004, inicialmente responsável pela parte de projetos especiais. A partir de um convênio existente com a Petrobrás, era desenvolvida uma página semanal sobre um ídolo do esporte brasileiro. Sander realizava pesquisa, produção e edição destas pautas. Em entrevista por telefone, ele conta que durante os três anos em que esteve no jornal, foi Chefe de Reportagem e também de Redação: "A equipe era muito reduzida e o jornal era feito somente por quatro Editores, o que é um número insignificante quando comparado a outros jornais da mesma linha".


Quando perguntado sobre as barrigas do Jornal dos Sports, Sander é direto: "Nunca deixei que isso acontecesse enquanto fui Editor Chefe. Especulações sem fundamento não tinham vez na minha Redação. Como jornalista, trabalho com fatos concretos". O ex repórter de campo da Band comenta ainda que pequenos erros nos textos por vezes aconteciam, mas nada considerado muito grave por ele, com exceção de um caso em especial : "Lembro-me de um caso em que um jornalista da equipe, conhecedor de Esporte, garantiu, através de informação obtida em uma fonte confiável, a denominação do jogador Branco como novo técnico da seleção brasileira e não o Dunga. Na época, o jornal saiu com este furo, o que na verdade foi um grande erro".


Em relação às manchetes tendenciosas, Roberto Sander declara que o torcedor um pouco mais sensível em relação às informações do Esporte, não se deixa levar por manchetes manipuladoras. Questionado sobre a atual fase crítica do Jornal dos Sports, afirma que a crise vem de muitos anos, desde antes da sua época no veículo: "Não aconteceram os investimentos e parcerias necessários. Muitas vezes tive que tirar dinheiro do bolso para fazer com que as pessoas comparecessem ao trabalho”. Roberto Sander é tricolor e autor do livro Os Dez Mais do Fluminense.

Memória JS na Mídia

O Blog Memória JS, assim como os outros blogs criados por alunos do professor PC Guimarães, foi citado em matéria do portal Observatório da Imprensa. Confira!


A CRISE FINANCEIRA DO JORNAL DOS SPORTS

por Shana Castro


O Jornal dos Sports, mais antigo e conceituado diário esportivo no Brasil, passou por uma crise financeira e sua marca foi a leilão para arrecadar recursos para o pagamento de indenização trabalhista.

Um dos profissionais que seriam beneficiados era o jornalista Haroldo Briglia Habib. O profissional trabalhou no jornal entre junho de 2001 e agosto de 2005. E após ser demitido, entrou com reclamação trabalhista na Justiça por não ter recebido indenização. Em primeira instância, o juiz determinou a liberação do FGTS - o que não ocorreu. Durante o julgamento da ação, o jornal propôs um acordo que previa o pagamento da indenização dividido em parcelas mensais, mas sem atualização monetária. Como Habib não concordou, o processo foi para a segunda instância. Em junho de 2006, o juiz Ronaldo Becker Lopes de Souza Pinto, da 45ª Vara do Trabalho, determinou o leilão da marca. Segundo o advogado do jornalista, Mario Luiz Greco, a Justiça do Trabalho aceitou a penhora da marca porque o jornal não se pronunciou sobre o pagamento de indenização.


Além de Haroldo Briglia mais 14 profissionais foram demitidos, a direção do Jornal dos Sports assegurou que sua dívida seria paga sem a necessidade de ação trabalhista, mas depois o diário se calou e só abriu negociação quando acionado judicialmente.


Numa entrevista ao portal da Imprensa, Haroldo Briglia declarou que o jornal passou por um período de investimentos há cerca de oito anos, mas com a mudança da administração central, começou a declinar. O jornalista revelou que muitas pessoas são interessadas em adquirir a marca Jornal dos Sports, mas até o momento nenhuma possibilidade de venda foi considerada pela publicação. Para ele, a venda da marca poderá ser benéfica à qualidade do jornal. "Se for bem administrado voltará a ser um bom jornal, mas para isso tem que melhorar o conteúdo também. Se readquirir a confiança do leitor a marca será novamente uma das mais fortes aqui do Rio", declarou.O leilão da marca, segundo ele, não configura ameaça de fim do diário, apenas remanejo de sua direção.

No entanto, não houve nenhum lance pela marca Jornal dos Sports, que foi à leilão pela segunda vez. Na primeira ocasião em que a marca foi oferecida, nenhum lance superou o valor mínimo de R$1,1 milhão estipulado pela Justiça para pagamento de indenização trabalhista.

De acordo com advogados trabalhistas, o desinteresse pela marca estaria relacionado também com o passivo trabalhista da empresa, que foi calculado em R$ 5 milhões, segundo informações do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ). Segundo o SJPMRJ, representantes do grupo que dirige o Jornal dos Sports participaram do leilão e estariam até mesmo autorizados a cobrir uma eventual oferta, além de buscar acordos para evitar que a marca fosse transferida.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nova vida para um velho jornal

Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques.

Se a vida começa mesmo aos 40, é aos 70 que ela atinge a plenitude. Só aos 70 você é capaz de olhar para o passado com orgulho e encarar o presente com a confiança de quem já sabe como trilhar o caminho. Aos 70 anos é possível contar as lutas e os grandes desafios vencidos, tendo ao lado incontáveis cúmplices e companheiros de estrada. Quando se chega aos 70, não apenas registramos a história, mas fazemos parte dela. Quem mais teria a honra de conquistar dezenas de gerações de leitores? E quem teve o privilégio de testemunhar momentos únicos? Mais do que isso, ajudar a eternizá-los? Só quem tem essa estrada pode aliar a experiência ao vigor de um garoto pronto para a vida. A vida que começa e recomeça aos 70, no novo Jornal dos Sports.

O início de uma grande reformulação necessária exigindo uma estrutura mais moderna com um visual dinâmico para o novo JS, sem modificar o logotipo do jornal e muito menos a sua tradicional cor, que lhe rendeu o apelido dado pelos leitores de "o cor-de-rosa".

Ao renomado time de colunistas do JS, que já contava com jornalistas como Washington Rodrigues, Roberto Porto, José Antônio Gerheim, José Inácio Werneck, Mário Neto, Eduardo Lacombe e Áureo Ameno, juntaram-se valores como Marcos de Castro e Milton Costa Carvalho, preparados para trazer de volta as grandes promoções e ainda criar novos eventos, unindo esporte e educação, tendo uma longa jornada na história do jornalismo e do esporte.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Nelson Rodrigues: Jornalismo e Linguagem

Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques.

Nelson Rodrigues foi um dos grandes nomes da crônica futebolística brasileira. Suas crônicas ajudam a construir e perpetuar uma realidade, de acordo com os métodos literários como a fantasia. Nelson Rodrigues desejava que fugíssemos do padrão europeu do futebol e criássemos a nossa brasilidade. Para ele, isso se traduziria em “toda a magia, toda a beleza, toda a plasticidade, toda a imaginação” do futebol de nosso país, segundo citação do próprio. Quem quisesse, segundo Rodrigues, aproximar-se do futebol como jogador na Europa, faria a apologia do futebol feio: “era como se estivessem apresentando o Corcunda de Notre Dame como um padrão de graça e eugenia”.

Antes da Copa de 1958, Nelson comentou sobre a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do mundo. Isso em todos os setores e, sobretudo, no futebol”. Porém, após a primeira conquista mundial da seleção brasileira, não havia mais um porquê de o povo se sentir assim, como um vira-lata; pelo menos, no futebol. E era esse setor da sociedade que daria esperança às massas.


E, hoje, se negamos o escrete de 58, não tenhamos dúvidas: - é ainda a frustração de 50 que funciona. Gostaríamos talvez de acreditar na seleção. Mas o que nos trava é o seguinte: - o pânico de uma nova e irremediável desilusão. E guardamos, para nós mesmos, qualquer esperança. Só imagino uma coisa: - se o Brasil vence na Suécia, e volta campeão do mundo! Ah, a fé que escondemos, a fé que negamos, rebentaria todas as comportas e 60 milhões de brasileiros iam acabar no hospício. (Trecho do Complexo de vira-latas, por Nelson Rodrigues).

Fala, Nelson!

Por: Aruan Garvizu, Helena Andrade, Julia Lagame e Nina Marques.


Nelson Rodrigues morreu há exatamente 29 anos. Foi (ainda é), disparado, o maior fraseur brasileiro, mas não um fraseur de galinheiro como ele mesmo diria, mais um arguto observador da realidade do país, fosse ela política, social, esportiva ou cultural. Revendo algumas postagens sobre Literatura, música e cinema, pude perceber que muitas pessoas acabam escrevendo o óbvio, aquilo que todos poderiam observar sem ajuda, não trazendo à superfície a novidade.

Falar o óbvio não é tão ruim. Nelson Rodrigues dizia que somente os profetas enxergam o óbvio. Os alunos, não todos claro, diante de um texto literário, tem a tendência de torná-lo mais complexo do que ele realmente é. Difícil é criar uma obra literária, isso é para poucos. Em tempo: o jornalista Telmo Martino disse que “tudo que é fácil de ler é difícil de escrever - e vice-versa.”



“Eu amo a juventude como tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes "É proibido proibir" e carregam cartazes de Lênin, Mao, Guevara e Fidel, autores de proibições mais brutais.”

(Extraídas da coletânea de Ruy Castro "As 1.000 melhores frases de Nelson Rodrigues" Companhia das Letras, 1997).

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O criador de multidões

por Pedro Hollanda (pedrinho.hollanda@gmail.com)

No coração do Rio de Janeiro, erguido em milhares de toneladas de concreto, aço e lembranças de conquistas passadas encontra-se o maior templo do futebol moderno, o Maracanã. Ou como é conhecido formalmente, Estádio Jornalista Mário Filho. É normal para uma criança que cresceu ouvindo o nome popular do estádio estranhar o nome oficial, ao ponto que a revelação sempre é seguida de uma pergunta por parte da criança: Quem foi Mário Filho?

O criador de multidões, alcunha criada por seu irmão Nélson Rodrigues, nasceu Mário Rodrigues Filho no dia três de junho de 1908, na cidade de Recife. Em 1916, mudou-se para o Rio onde dez anos mais tarde começaria a trabalhar no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai. Ele começou já no ramo e jornalismo esportivo, pouco explorado pela imprensa até então. Trabalhando com esportes, ele começou a dar enfoque maior ao futebol, dedicando páginas inteiras à cobertura das partidas dos times cari-ocas. Aos 18 anos, casou-se com Célia, que conheceu na praia de Copacabana.

Ao mudar-se para o jornal Crítica, Mário revolucionou ainda mais o ramo ao adotar uma linguagem mais direta, similar a dos torcedores. É desta época que surge o termo Fla-Flu, referindo-se ao maior clássico carioca. Curiosamente, muito se discute sobre qual era o time do coração de Mário. Embora sua família fosse de tricolores, sempre se suspeitou uma afinidade entre Mário e o time da Gávea. Com o fim do Crítica e a morte de seu pai, Mário foi trabalhar para O Globo, e fundou o jornal Mundo Esportivo, de curta vida, mas que chegou a organizar o concurso de Escolas de Samba em 1932.

Em 1936 ele compra o Jornal dos Sports de Roberto Marinho e faz do periódico o modelo de jornalismo esportivo a ser seguido por décadas, implementando as políticas que já havia criado, mais diversas outras. Ele também incentivou a profissionalização do futebol, a criação do torneio Rio-São Paulo (fomentando a rivalidade entre os estados sempre que podia) e competições populares, como os Jogos da Primavera, os Jogos Infantis e o Torneio de Pelada do Aterro do Flamengo.

Contudo, a maior conquista de Mário foi seu lobby para o Brasil sediar a Copa de 50 e sua campanha contra Carlos Lacerda pelo estádio do Maracanã. Lacerda fazia campanha para o estádio carioca ser construído em Jacarepaguá, porém Mário Filho conseguiu convencer o povo que o terreno do antigo Derby Clube, no bairro do Mara-canã, era o lugar ideal para o que seria o maior estádio do mundo. Ao morrer, em 1966 com 58 anos, seus esforços pelo futebol brasileiro foram reconhecidos com o rebatizado do Maracanã, que virou o Estádio Jornalista Mário Filho.