quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"A tendência é melhorar"

Por Cláudio Felipe, Lívia Bueno, Michelle Sarmento, Rayane Marcolino e Victor Menezes

Paulo Rocha, editor do Jornal dos Sports, assume a decadência do veículo, mas garante a reestruturação e acredita na volta do grande JS.

Quando entrou no Jornal dos Sports como colaborador de colunista, Paulo Rocha não imaginava que fosse chegar ao seu cargo atual: o de editor, tarefa que divide com Alan Bittencourt e Eduardo Vieira. Sobre esses anos de JS o jornalista fala com muito orgulho, embora assuma que “a decadência tirou um pouco do charme do jornal”. Apesar das adversidades no mais antigo veículo totalmente dedicado a esportes no Brasil, Rocha acredita que a reestruturação pela qual estão passando irá mudar a situação do JS.

Hoje o JS tem, além de sua versão impressa, uma versão online (http://jsports.uol.com.br/) em que fazem um trabalho não muito diferente do dos websites de outros veículos. O JS disponibiliza notícias de última hora, enquetes interativas, conteúdo do impresso do dia, áreas separas por esportes, por clubes e espaço para debates dos torcedores. Segundo o editor, o portal JS tem maior visibilidade que o jornal impresso “Sem dúvidas o meio online engole boa parte da audiência do impresso, mas há o leitor tradicional que não abre mão de ler no papel”-afirmou o jornalista que acha improvável que em algum momento o papel será totalmente substituído pela Internet. “Isso até pode acontecer, mas vai demorar muito, pois o acesso do povo ao computador ainda está longe do ideal.” Rocha também garantiu que assim como todos os outros setores do JS, o website também passe por reestruturação.

Sobre a decadência e a crise que se instaurou no JS a partir da década de 80 e que faz com que hoje muitas pessoas achem que a o veículo nem existe mais, Paulo é categórico: "Estamos em desvantagem em relação aos outros veículos dedicados a esportes, isso é tudo o que posso dizer.” Afirmou Rocha, tentando não se alongar muito sobre a atual situação de seu veículo. Por outro lado, sua esperança de melhoras fica clara ao citar estratégias que virão para mudar: “Já temos uma estratégia de marketing que em breve será colocada em prática. Além disso, há uma preocupação com a estrutura de distribuição do jornal que, segundo o editor, é essencial para a melhoria de sua situação. Mas apesar das mudanças, o jornalista garante que as marcas tradicionais do JS continuarão “Mantemos o tratamento dado aos clubes, as colunas e, é claro, a cor de rosa, nosso símbolo maior.”, contou Paulo Rocha.

Jornalistas & Cia divulga Memória JS

O site Jornalistas & Cia divulgou esta semana o blog Memória JS e os demais blogs das turmas do professor PC Guimarães. Confiram!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Crônica de Mário Filho

por Cláudio Felipe, Lívia Bueno, Michelle Sarmento, Rayane Marcolino e Victor Menezes.

A crônica abaixo foi escrita por Mário Filho durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile, e publicada no Jornal dos Sports. Mário descreve o nervosismo de Garrincha e a emoção de Pelé que, contundido, apenas assistia ao jogo. Essa crônica exemplifica o jeito emocionante que o consagrado jornalista tinha de escrever.

Santiago, segunda-feira

Quando os brasileiros voltaram a campo, Garrincha se sentiu assim, alvo de todos os olhares. Fotógrafos chilenos, os que iam ficar atrás do goal de Gilmar, correram para bater-lhe poses especiais.

- Un momentito, Garrincha.

Garrincha parou, deixou que o fotografassem. Jogar no scratch brasileiro é uma responsabilidade muito grande, pensava Garrincha. Se Pelé estivesse jogando seria melhor. Mas Pelé não joga e a responsabilidade é muito grande.

A cada passo que dava Garrincha, aparecia um novo fotógrafo.

- Un momentito, Garrincha.

- Eu já bati mais de dez fotografias – lamentou-se Garrincha.

- Un momentito solamente.

Garrincha conformou-se. Já estava do outro lado do campo, na posição dele. Quando o fotógrafo que ele julgava que fosse o último deu-lhe as costas, Garrincha fez o sinal da cruz e rezou. Sentia o peso da responsabilidade. Nunca sentira tanto peso sobre os ombros. E tenho sete filhas, passou-lhe num relâmpago.

- Un momentito, Garrincha.

Era outro fotógrafo.

Pelé se lembrava ainda de Garrincha se persignando. Aquilo lhe deu certeza da vitória do Brasil. Com o Mané assim o Brasil ganha. E o Mané está achando que fez pouco, que é preciso fazer mais.

Landa tinha dado a saída. A bola estava com Toro, Toro esticava um passe para Leonel Sanchez, Leonel Sanchez devolvia a Toro na direita, Nilton Santos estourava com Toro. Aposto como o juiz vai dar foul de Nilton Santos. Dito e feito. Pelé detestou o juiz peruano com nome de japonês. Quer agradar os chilenos. Toro chutava fora, enquanto se prolongavam as vaias aos brasileiros.

E lá vai Mané. Pelé ouviu as batidas do próprio coração. Rodriguez, driblado por Garrincha, não teve dúvida: meteu-lhe o pé. Como apanha o Mané! Pelé recordou que também apanhava em jogo. Eu reajo e o Mané não reage.

Didi não chutou, estendeu a bola para Garrincha que avançou. Antes que chegasse à linha de fundo, Rodriguez atropelou-o e atirou a bola para a linha de fundo.

Garrincha ajeitou a bola, Pelé imaginou-se em campo esperando a bola altapara um goal de cabeça. O chute de Garrincha veio alto, um pouco atrasado.

- Meta a cabeça Vavá! – Pelé estava de pé.

Vavá pulava e metia a cabeça na bola enquanto Pelé saltava, dando murros no ar.

- Goal! Goal!

A nova era do jornalismo esportivo

Por Cláudio Felipe, Lívia Bueno, Michelle Sarmento, Rayane Marcolino e Victor Menezes

Criado em 1931 por Argemiro Bulcão, o Jornal dos Sports ganhou importância a partir da década de 40. Essa evolução do veículo aconteceu devido ao trabalho de Mário Rodrigues Filho que, com seu olhar jornalístico inovador, comercial e até sentimental, transformou, não só praticamente por completo o JS, como todo o jornalismo esportivo, que passou a ser dividido entre antes e depois de Mário.

Novo modo de se fazer jornalismo

Cinco anos após sua primeira edição o Jornal dos Sports já passava por uma crise e foi vendido a José Bastos Padilha, na época presidente do Flamengo. Padilha pretendia transformar o jornal em um veículo totalmente dedicado ao clube que presidia. Porém, Mário Filho, convidado a fazer parte da equipe do JS, o convenceu a manter o jornal como um veículo de todos os esportes, e conseguiu, pensando no imenso público que teriam se não focassem apenas em um clube. “Além de bom jornalista, ele tinha visão comercial.” Afirmou Roberto Assaf, jornalista esportivo, autor de 13 livros sobre futebol.

Ao comparar os exemplares produzidos antes da direção de Filho, podemos ver a enorme diferença. Nas unidades anteriores à década de 40, percebe-se um modo totalmente diferente de tratar o esporte e, principalmente, os atletas. “Mário Filho começou a mostrar para as pessoas que o esporte vai muito além dos campos, das quadras ou das pistas de corrida, e como ele pode afetar a sociedade como um todo.” Afirmou Assaf.

Em um exemplar do JS de 18 de março de 1931, por exemplo, há uma matéria sobre um treino, ocorrido no dia anterior, no Botafogo. Percebe-se na matéria o jeito frio como a notícia era tratada, sendo apenas um relato rápido dos fatos:

“O campeão treinou hontem. Os teams: A – Zito; Dedé e Octacólio Burlamarqui; Martini e Pamplona; Ariza, Paulinho, Juca, Nilo e Celso.

B – Pedrosa; Benedicto e Rodrigues; Ariel, Tupy e Canalli, Ministrinho, Leite II, Alkindar Luiz e Maciel.

Venceu o A por 5 x 2.”

Já num exemplar de 5 de janeiro de 1940, na descrição de um treino do Madureira se nota uma diferença logo na introdução da matéria, que nessa época era também mais longa:

"O tricolor suburbano que fez destacada exibição no terceiro turno já começou a se preparar em face mesmo de haver terminado o período de férias que concedeu a todos os jogadores. " (...)

Em uma matéria recente, como a do exemplar do JS de 26 de outubro de 2009 sobre a possível volta do Vasco à primeira divisão, fica claro que no jornalismo atual há uma enorme consideração pela opinião dos envolvidos, principalmente os jogadores, e aquilo que vai além do desempenho físico como o histórico do time, condições de tempo ou campo e psicológicas, fatores que afetam no resultado dos jogos.

“Com a classificação garantida, o time de Dorival Júnior agora vai em busca do título. Quem fala sobre a nova meta, e toda a pressão que os jogadores sofrem e sofrerão para conquistar o título é o goleiro Fernando Prass: ‘A pressão foi, é e será grande. Relaxar só depois do jogo contra o Ipatinga’ “(...)

Apesar da influência de Mário Filho ser a base da mudança de estilo exemplificada nas matérias acima, o grande diferencial do jornalista estava mesmo em suas crônicas, que no JS se tornaram mais críticas e analíticas, com uma visão mais ampla e, muitas vezes, emocionantes. “Eu poderia estar exagerando, mas acredito que todas as editorias foram influenciadas pelo ‘modo Mário Filho’ de se fazer jornalismo.”comentou Assaf, afirmando que até em editoriais políticas, por exemplo, a prática de se pensar na pessoa que existe por trás daquele cargo é usada.


Mudanças gráficas e editoriais

Dentro da redação Filho reorganizou o modo de se fazer o JS. Os jornalistas começaram a ser pautados, designados a exercer certas funções específicas, e a assinar as matérias. A diagramação, que até então era confusa, misturava matérias e anúncios, sem destaque e definição, sem grandes chamadas, exceto na primeira capa, e matérias dispostas em finas colunas como em classificados, também foi mudada. A evolução do jornalismo impresso, aliada ao trabalho do redator chefe do JS, organizou o jornal, de modo que a diagramação ficasse mais clara e objetiva, com seus devidos destaques e distinção entre conteúdo jornalístico e publicitário. Assim, o jornal que a princípio circulava com apenas quatro ou seis páginas por dia, ganhou mais conteúdo, aumentando seu número de páginas.

Mas, o incremento do jornalismo esportivo não se deve apenas a Mário Filho. O rádio se tornava cada vez mias popular no Brasil, e as transmissões esportivas também. Por isso, o jornalismo esportivo precisou se reinventar para atrair as pessoas que já sabiam do jogo pelo rádio e precisariam buscar algo mais.

O Criador de Multidões

Na década de 50, o JS já havia se firmado como jornal esportivo e caminhava para o a auge alcançado nas décadas de 60 e 70. A crescente popularidade do JS também se deve a Mário Filho. A criação de eventos e disputas (pacíficas) entre torcidas embalavam a multidão e garantia notoriedade ao veículo. Entre esses eventos estavam os famosos Jogos da Primavera ou apenas disputas como a de qual seria a torcida mais bonita num determinado clássico de domingo. Por isso, o inesquecível jornalista ganhou de seu, não menos famoso e importante, irmão, Nelson Rodrigues, o apelido de Criador de Multidões.

As mudanças do Jornal dos Sports

por Shana Castro

O Jornal dos Sports derivou do diário Rio Sportivo. Seu primeiro proprietário foi o jornalista Argemiro Bulcão, um importante administrador de jornais da época que planejou fortalecer a impressa esportiva no mercado, ao aumentar a periodicidade dos impressos. Na de década de 30, Argemiro Bulcão propôs sociedade a Ozéas Mota, dono das oficinas onde eram impressos os jornais. Com isso, em 13 de março de 1931, o Jornal do Sports foi fundado. Eles permaneceram como donos do jornal até outubro de 1936, data em que Mario Filho e Roberto Marinho compram o JS.

A linha editorial do JS exaltava o boxe, o turfe e, é claro, principalmente o futebol. Segundo o site atual do JS: “O jornal buscava, através do futebol, a construção de uma identidade nacional. O veículo de informação foi o principal divulgador da Copa de 1938. Reforçou-se a idéia de que aquela não era uma mera disputa esportiva, mas sim uma afirmação da força do Brasil, do seu povo, a partir do futebol. Houve forte identificação da população brasileira com as crônicas esportivas do jornal. Apesar da derrota da seleção brasileira para a italiana, o jornal proporcionou um grande impulso no sentimento nacionalista.”

O jornal utilizava matérias e colunas esportivas, destinava espaço para cartas dos leitores e publicava notícias sobre bailes de carnaval, peças de teatro e filmes. A propaganda, que não era uma regra nos periódicos da época, era normalmente veiculada. Sobre o projeto gráfico, inicialmente, temos um conteúdo disposto em seis páginas impressas em papel cor-de-rosa, a diagramação da manchete em cima do logotipo do jornal, publicação de algumas fotografias, sendo que o texto sobressai em relação à imagem e também da utilização de ilustrações.





Na década de 40, sob a responsabilidade do jornalista Mario Rodrigues Filho o JS recebe em sua linha editorial crônicas de Vargas Neto, exaltando o futebol; a utilização de tiras e quadrinhos para ilustrar a campanha dos times no campeonato carioca; e a publicação das primeiras reportagens sobre a direção dos clubes cariocas. A profissionalização, surgida na década anterior, proporcionava, agora, a divulgação de salários, passes e contratações nas páginas do jornal. O site do JS nos informa que, neste período, havia a exaltação ao patriotismo e nacionalismo, através da analogia entre jogadores em campo e soldados em guerra, devido à situação mundial: II Guerra Mundial (1939-1945). Com isso, os nossos jogadores eram comparados com os soldados brasileiros: "quando atletas brasileiros estão entre os que lutam, na frente européia, pela liberdade do mundo". No projeto gráfico, houve poucas modificações em relação à década anterior, como, por exemplo, a existência de uma maior quantidade de fotos e ilustrações, além de uma diagramação variada da posição da cabeça do jornal na primeira página.

Na década de 50 com a derrota para o Uruguai por 2 a 1 no Maracanã lotado deixou o Brasil numa grande tristeza pois a seleção brasileira, além de ser a favorita, desfrutava de uma grande admiração por parte da população brasileira. Esta derrota refletiu na mudança de uma linha editorial do JS que enfatiza menos o nacionalismo e fortalece a visão de Mário Filho ao criar mitos para o futebol brasileiro.

Hoje, com 78 anos de existência, o Jornal dos Sports iniciou uma nova fase. Os empresários Armando Coelho (diretor superintendente) e Lourenço Peixoto (presidente do Conselho) assumiram a direção do jornal e deram início a uma grande reforma. As mudanças foram realizadas em três meses. Uma das principais foi à decisão de mudar de sede administrativa, porque as reformas necessárias exigiam uma estrutura mais moderna, com isso, um prédio de quatro andares na Praça da Bandeira foi escolhido, deixando para trás as outras duas sedes que o Jornal dos Sports já ocupou: a primeira na Avenida Rio Branco e depois na Rua Tenente Possolo, ambas no Centro da cidade do Rio de Janeiro.

A grande reforma do mais tradicional jornal esportivo do país englobou um novo sistema de informática; a adaptação a rotinas diferentes de trabalho; a reformulação gráfica, comandada pela editora de Arte Laerte Gomes, que escolheu um visual moderno e dinâmico para o novo JS, contando mais páginas coloridas; mudanças editoriais que ficaram com o diretor de redação Washington Rope, no entanto, não seriam feitas modificações no logotipo do jornal e muito menos na sua tradicional cor, que lhe rendeu o apelido dado pelos leitores de "o cor-de-rosa"; os departamentos de marketing e comercial foram reforçados e se preparam para trazer de volta as grandes promoções, como os Jogos da Primavera, Jogos Infantis, e ainda criar novos eventos, unindo esporte e educação, como na Copa de Futsal entre escolas.

O Jornal dos Sports lançou também uma edição online, na divulgação desta foi exibido uma reprodução do site e uma ilustração de um mouse vestindo um quimono de judô, o anúncio trazia os dizeres "Seu mouse não precisa ser atleta para saber tudo sobre esporte. Participe das enquetes, confira os extras e deixe seu comentário nos blogs". O site do Jornal dos Sports, que mantém a tradicional cor de rosa da edição impressa e está hospedado no portal UOL.

Os lançamentos do site e do novo Jornal dos Sports foram muito bem aceitos pelos novos e antigos leitores, o novo JS e o site agora teram pela frente outra longa jornada na história do jornalismo e do esporte.

domingo, 25 de outubro de 2009

Assaf revela importância do JS para o jornalismo esportivo

por Marcela Soares e Aline Aniceto

Jornalista esportivo e autor de 13 livros sobre futebol, Assaf conta sua experiência no JS, lamenta a situação atual e afirma que sim, o jornal poderia ser como antes.

Entre uma aula e outra, o professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha) aproveitou para falar sobre o Jornal dos Sports. Roberto Assaf revela que o veículo teve imensa importância na modernização do jornalismo esportivo. Ele conta que, na década de 30, quando Mario Filho assumiu o jornal, matérias sobre comportamento ganharam espaço. A vida dos jogadores e a história de clássicos como Fla-Flu, por exemplo, substituíram um “jornalismo primário e básico”, que antes só reportava notícias dos clubes. “Mário Filho inventou a pauta, trazendo algo diferente para a redação”, afirma Assaf.

O jornalista, que atua no ramo há 30 anos, teve seu primeiro contato com jornalismo impresso no Jornal dos Sports. No final de 1981, estagiou por seis meses na redação, acompanhando repórteres em clubes e eventos, e eventualmente escrevendo textos.


Na época, tinha como referência o jornalista Geraldo Romualdo da Silva, que fazia parte de “um time muito bom” de profissionais do JS, entre eles Nelson Rodrigues e Luiz Bayer. Nas vésperas da Copa do Mundo de 1982, na Espanha, Assaf pediu para integrar a equipe que iria ao evento. “Eu ia pagar a passagem do meu bolso”. Após a recusa por ser um estagiário, abandonou o jornal e viajou para a Espanha por conta própria.

Atualmente no diário Lance!, Assaf afirma que o JS era como uma bíblia no seu tempo. Como não havia televisão a cabo, nem internet, as informações não chegavam com facilidade, e o JS era um jornal detalhado sobre futebol. “Era um jornal bem feito, que obtinha informações de fora, de agências de notícias”. Hoje em dia, o veículo se propõe a fazer uma cobertura neutra do futebol carioca, se tornando um jornal pequeno. “É como se tivesse na série B, brigando praa sobreviver. Se ele tivesse forte, seria ótimo”, lamenta.

Em comparação com o Lance!, o jornalista afirma que o diário tem um melhor poder de alcance, pois tem “recursos para fazer uma circulação maior”, com quatro edições diárias (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e nacional). “Jornal dos Sports era o Lance! no meu tempo de criança”, conclui.

Na década de 1960, quando o futebol brasileiro estava em uma ótima fase, o Jornal dos Sports teve seu auge. Após um clássico Fla-Flu, por exemplo, a venda chegava à cerca de 150 mil exemplares. Infelizmente, em meados de 1980, o jornal começou a decair. “Um inteligente, o qual não me lembro o nome, imaginou que seria um grande negócio misturar sangue com esporte”, conta o jornalista. A partir de então, passaram a estampar nas capas do jornal fotos de cadáveres. O resultado foi o pior possível: o jornal perdeu sua característica e seus leitores.

“Quem gostava de futebol parou de comprar, quem não comprava não passou a comprar por causa dos cadáveres. A revista Placar já tentou isso também, com mulheres nuas, e não deu certo”, afirma Assaf. “O cara que quer ler esporte não vai comprar o jornal se tiver mulher ou cadáver, mas sim futebol”, completa.

Outro grande problema citado pelo jornalista é o fato de que o jornal é de propriedade de pessoas que não são do ramo. Pessoas que não tem conhecimento no assunto, e que nunca participaram do dia-a-dia da redação. “Se eu abrisse uma lanchonete, por exemplo, iria falir em três dias”.

Roberto Assaf afirma que o Jornal dos Sports tem chances de voltar a ser como antigamente, mas que precisaria de ajuda financeira para isso. “O grande problema é dinheiro”. Para o jornalista, a solução seria fazer uma distribuição gratuita do jornal durante dois ou três meses. Não seria uma distribuição aleatória, mas de forma pensada e estudada. “Todo mundo sabe que a venda na banca não sustenta o jornal. O JS só teria a ganhar com isso”, garante. “Muitos jornais fazem isso. É uma forma de lembrar as pessoas que ele ainda existe”.



sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Impressões do Tempo (Túlio Maravilha)

TÚLIO Maravilha na Seleção Brasileira: exemplar raro do JSports

por Vinícius Perazzini (vinnyperazzini@hotmail.com)

Com dois gols de Túlio Maravilha, o Botafogo-DF goleou o Maringá por 8 a 0 e agora o irreverente artilheiro possui segundo suas contas, 899 gols na carreira. Em busca do gol 900, o atacante pretende atingir sua meta neste sábado, quando o Alvinegro enfrenta o Ceilandense, pela final da Segunda Divisão do Estadual do Distrito Federal. Maior artilheiro em atividade no futebol mundial, Túlio Maravilha é até hoje figurinha carimbada em reportagens e está sempre presente na mídia, apesar dos 40 anos e jogar longe dos grandes centros.

Semana passada, o atacante marcou aos 50 segundos de jogo e fez o gol mais rápido da sua carreira. De quebra, ajudou o Botafogo a subir para a Primeira Divisão do Campeonato Brasiliense em 2010.

Para comemorar esta marcante data para o futebol brasileiro, o Memória JS apresenta uma raridade. Na reportagem veiculada pelo Jornal dos Sports de 15 de julho de 1995, Túlio Maravilha inspira confiança em suas declarações e fala como é prazeroso jogar na Seleção Brasileira, atingindo o auge de sua carreira.

Defendendo o Brasil na Copa América de 1995, Túlio Maravilha balançou o barbante três vezes e liderou a equipe na campanha vice-campeã. Neste torneio, o Maravilha ficou imortalizado pelo gol contra a Argentina, quando conduziu a bola com o braço antes de chutar e estufar a rede adversária.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Sports e seus craques (Washington Rodrigues)

nativa.fm

por Vinícius Perazinni (vinnyperazinni@hotmail.com)

Carioca do Engenho Novo e nascido em 1 de setembro de 1936, Washington Rodrigues, o criador da coluna “Geraldinos & Arquibaldos”, iniciou sua trajetória de sucesso no rádio em 1962, como comentarista esportivo na extinta Rádio Guanabara, apresentando o programa “Beque Parado”.

No ano de 1969, Washington Rodrigues ganhou o apelido que lhe acompanharia por toda vida. Por utilizar um microfone sem fio semelhante aos existentes na missão Apolo 11, recebeu o carinhoso nome de “Apolinho”.

Washington também é conhecido por ter trabalhado em todas as grandes emissoras de rádio do Rio de Janeiro, além de receber todos os prêmios existentes já criados para homenagear um jornalista esportivo. Por sua imparcialidade nos comentários, “Apolinho” é muito querido por todos os torcedores dos clubes do Rio, apesar de não esconder de ninguém a enorme paixão pelo Flamengo.

Na Rádio Nacional, trabalhou duas vezes. A primeira passagem foi na década de 60, com Jorge Curi. Posteriormente, chefiado por José Carlos Araújo, atuou como repórter de campo e fazendo dupla com Denis Menezes durante as décadas de 70 e 80.

Paralelamente ao rádio, Washington Rodrigues trabalhou nas TVs Excelsior, Educativa, TV Rio, Tupi e Globo, onde além de participar como jurado no programa do saudoso Abelardo Barbosa (Chacrinha), participou na produção do programa.

Após longas passagens pelas rádios Tupi e Globo, Washington Rodrigues se consagrou em definitivo como um dos mais conceituados comentaristas esportivos do Brasil.

Nos anos 1990, o comentarista, que é também um talentoso escritor, marcou época no Jornal dos Sports com a coluna intitulada “Geraldinos & Arquibaldos”. No rádio, “Apolinho” também apresentava boletins esportivos com o título homônimo ao da coluna impressa, sempre com enorme êxito popular.

Com carreira construída e vivida no Rio de Janeiro, Washington Rodrigues também se aventurou diretamente no futebol, onde teve duas passagens pela equipe do Flamengo, seu clube de coração. Em 1995, como técnico, e em 1998, como diretor de futebol.

Atualmente, “Apolinho” escreve no Jornal Meia Hora a clássica coluna "Geraldinos & Arquibaldos" e comanda na Rádio Tupi, desde 1999, o Show do Apolinho. Também é o comentarista titular da equipe de esportes da rádio.

Geraldinos & Arquibaldos

Marcelo Moutinho

por Vinícius Perazinni (vinnyperazzini@hotmail.com)

Entre tantos ícones jornalísticos que representam o Jornal dos Sports, a coluna “Geraldinos & Arquibaldos” é considerada por muitos como o derradeiro símbolo de identidade com seu apaixonado público. Expoente em 1990, seu período de existência coincide justamente com o último tempo de glórias e domínio do futebol carioca no cenário nacional. Não por acaso, o conteúdo veiculado na coluna sempre foi leve e bem humorado, assinado durante todo seu tempo de existência pelo radialista e jornalista Washington Rodrigues, também conhecido como “Apolinho”.

Apesar do nome curioso, “geraldinos e arquibaldos” é uma expressão de fácil entendimento para aqueles que freqüentaram o Maracanã até a sua reforma no ano de 2005. A clássica separação entre arquibancada e geral era um dos charmes daquele que desde o início de sua existência possui a alcunha de “maior do mundo”.
Muito anterior ao surgimento da coluna no Jornal dos Sports, a denominação “geraldinos e arquibaldos” nasceu em meio a tantos pensamentos geniais de Nelson Rodrigues. Considerando a geral do Maracanã como o ponto de reunião dos torcedores mais irreverentes e criativos, a nomenclatura geraldinos representa aqueles que somente compravam ingressos para a geral. Em oposição, os arquibaldos são mais comportados e aqueles que sempre estão nas arquibancadas. O paralelo entre os dois grupos remete obviamente à Revolução Francesa e aos grupos políticos contrários, os Jacobinos e Girondinos.

Inspirado no emocionante clima do Maracanã, Gonzaguinha compôs uma música de título idêntico ao nome criado por Nelson Rodrigues, traçando um paralelo do comportamento geral com o futebol na letra da canção. A composição tem forte conotação política e analisa o processo social, se encaixando perfeitamente ainda em nossos dias.

Infelizmente, a geral do Maracanã deu lugar à modernidade e convive com uma elitização cada vez maior de seu espaço. Curiosamente, a coluna “Geraldinos & Arquibaldos”, de tanto sucesso ao longo dos anos, desapareceu igualmente das páginas do Jornal dos Sports, porém justificada por dificuldades financeiras que impossibilitaram a manutenção da coluna no jornal cor-de-rosa.

Atualmente, “Geraldinos & Arquibaldos” é publicada no Jornal Meia Hora, ainda escrita pelo grande Washington Rodrigues, porém sem o mesmo brilho de outros tempos.